O cronista é um especialista em nada e em tudo ao mesmo tempo. Um ignorante de tantas coisas que se mete a escrever algo pequeno sobre coisas triviais, visando a partilhar com os leitores com quem vive um infindável caso de amizade.
Sempre considerou que para cultivar e crescer espiritualmente deve-se concentrar e dedicar especial atenção às ocorrências agradáveis com os amigos, distanciando-se de todos os pensamentos relativos aos fatos que carregam consigo só aborrecimento e desgosto.
Nesse exercício autobiográfico, os amigos, logicamente, participam de modo imprescindível. Às vezes, como protagonistas.
Pois bem. Um amigo, irmão em Cristo, parceiro de Encontros e Programas de Evangelização, um idealista, me contou um fato auspicioso que lhe acontecera.
Em tempos passados foi o comandante do destacamento militar na cidade de Marília, SP. Cioso das suas obrigações com a hierarquia e a disciplina, sempre procurou agir corretamente. Toda vez que um subordinado cometia uma falta, comunicava aos superiores. Ele, por sua vontade, sempre informava ao faltoso o porquê.
Certa feita, um soldado faltou ao serviço, sem justa causa. Explicou-lhe, mesmo a situação não necessitando de esclarecimento, além da própria falta em si, que se não o punisse, jamais teria moral para advertir aos demais caso incorressem em falta igual ou similar. A disciplina da tropa iria por água abaixo, descambaria!
A falta, evidentemente, resultou em punição conforme o manual.
O tempo passou.
Ele prestou exames na Academia de Polícia do Barro Branco e foi aprovado. Deixou a cidade de Marília rumo à Academia. Seus pais permaneceram na cidade vizinha, Bauru.
Certa tarde, o seu irmão Durval, que morava em Dracena, teve que ser internado às pressas. A esposa dele ligou e relatou o ocorrido aos sogros. Os pais eram pobres, não tinham carro, tomaram um ônibus em Bauru até Marília. De lá tomariam o expresso Adamantina que os faria chegar à cidade de Dracena, onde residia o irmão. Era a única opção por transporte coletivo.
Só que o primeiro ônibus atrasou; Assim ao chegarem a Marília, o outro já havia partido.
Meu amigo orientou-os, pai e mãe aflitos, que se hospedassem num bom hotel continuando a viagem no dia seguinte. O seu pai perguntou ao motorista de uma viatura policial que por lá passava, onde havia um hotel razoável para se hospedarem. Notando a preocupação estampada no rosto dos pais do meu amigo, quis saber o que acontecera. O pai relatara tudo: a internação do filho, o atraso do ônibus em Bauru, o destino era Dracena.
Quiseram saber o nome do seu irmão, Durval Rodrigues Lupion, bem diferente do dele. O policial perguntou se o pai tinha mais filhos.
— Sim tenho o Rubens Rodrigues que há alguns anos trabalhou aqui no destacamento policial em Marília.
Um deles comentou:
— Ah! Ele foi nosso comandante e agora está em São Paulo na Escola de Oficiais.
O outro emendou:
— Gente fina, seu filho! Me aplicou uma punição, mas eu merecia.
— Quanto tempo faz que saiu o ônibus que ia à Dracena que vocês perderam por causa do atraso?
— Cerca de quinze minutos foi dito pelo moço do guichê.
Um dos policiais acionou o rádio da viatura e contou de forma resumida o que estava ocorrendo à Central.
O policial da viatura externou seu pensamento: Cerca quinze minutos, com o trânsito engarrafado, provável que o ônibus ainda esteja no limite do município.
Para resumir, os policiais colocaram os seus pais na viatura, ligaram a sirene e partiram a todo o vapor visando a alcançar o bendito ônibus.
Alcançaram-no, pararam o ônibus, pediram ao motorista para aceitar os dois passageiros. Ao embarcar meus pais, um deles disse:
— Senhor José, nós fizemos isso pelo seu filho Rubens. Ele é muito bom e justo.
É sempre assim, aquele que faz o bem, até mesmo em momentos de aplicar uma merecida pena, se o faz com verdade e justiça, pode até se esquecer do fato posto que lhe é algo comum, mas ao que recebe a justa punição ou o benefício da atitude, jamais se esquecerá.
Tudo que se faz com honestidade de propósito terá um dia o seu reconhecimento. O soldado fez muito mais do que a obrigação lhe indicava, retribuiu com gratidão ao tratamento respeitoso do superior que lhe aplicou a pena merecida com justiça.
A gratidão é um ato de amor e traz benefícios de toda ordem: psicológica, física, social. Tanto a quem o pratica e a quem o recebe.
A fonte primeira da gratidão, da justiça e de todas as virtudes e boas ações é sempre o Deus Criador de tudo!
22 respostas em “A Justiça gera o Amor”
A Justiça gera o Amor … muito bom !!!!! Se gerasse na hora, não depois de meses ou até anos, seria perfeito…. Excelente texto !!!!
Como é lindo o amor de Deus e sua misericórdia, Deus nos ensina em tudo, que lindo relato!
A justiça gera o amor
Com certeza uma justiça integra, sem rodeios, artimanhas gera o que é mais sagrado e o mais puro e verdadeiro Amor ,o do Criador!
Parabéns, um grande abraço!
Lindo!
Bela crônica para comprovar o dito popular: o mundo é pequeno e ele dá voltas. A lição que se tira é a de que devemos tratar a todos, sem exceção, da mesma maneira e da forma que gostaríamos de ser tratados. Quem planta e semeia a justiça receberá o reconhecimento e agradecimento do justo, mais cedo ou mais tarde, direta ou indiretamente. Se não aqui na vida terrestre, certamente ao lado de Nosso Senhor Jesus Cristo na eternidade! Parabéns aos envolvidos.
Irineu ótima crônica, aliás como
Sempre! Nós que conhecemos o personagem principal da narrativa, sabemos que seu relato foi fidedigno. Esse caso do nosso amigo e irmão Rubens nos mostra que a correção fraterna, como ensinada por Jesus Cristo, rende ótimos frutos. Parabéns! 🙏🏻❤️
Lindo texto meu irmão. Ah se todos fossem gratos pela vida e por tudo que passamos e pelas pessoas maravilhosas e tbm por pessoas não tão boas que passaram e que continuam a passar por nossa vida, pois creio que devemos ser gratos a começar pelos nossos pais que foram responsáveis pela nossa existência. Obrigada pois tenho muito orgulho de ter você como irmão sou muito grata por tudo. Nunca se esqueça dessa irmã que te ama muito.🥰🐩
Maravilhoso texto. Gostei como foi redigido; um contar simples, porém cheio de pontos cativantes que nos prendem na história. Simplesmente amei-o. Muito obg por me fazer ler esses textos da internet, ainda só mais o “tateado” rsrsrs
Seus relatos são sempre gostosos de ler. Ainda mais quando nos fala de uma outra pessoa muito querida.
Caro Iruneu. As mesmas palavras ditas por pessoas diferentes são como o evangelho. Cada um coloca um tempero próprio e, quem ganha com isso, quase sempre é a salada, no caso do evangelho é o conteúdo da mensagem. Dizem os poetas que até um chingamento, para uns é uma ofensa brutal, já para outros um elogio inimaginável. Parece_me que as palavras introduzidas nos seus ouvidos, ao passarem pelo canal auricular, com os efeitos da bigorna e do martelo, vão para o cérebro, como uma partitura já organizada e suave. Creio que os ouvidos seus são verdadeiros depuradores que, enviam ao cérebro mensagens prontas. Deste saem conteúdos ordenados e prontos para serem lidos e refletidos pelos seu seguidores. Parabéns amigo. Continue sendo o refino da fé, da esperança para que todos que veem Deus como nosso Ser Supremo sejam gratos por existirem como filhos Dele.
Irineu, ficou melhor do que o história original. Muito bom mesmo. Eu sou o Rubens da história. Obrigado amigo Irina. De tudo que ocorreu restou um grande ensinamento. Quando apliquei a punição ao Policial, não a fiz com o prazer de quem podia aplicar. Ao contrário com um amargor, do dever e da obrigação funcional. Contudo, vários anos mais tarde, Deus me respondeu com um acontecimento real que as vezes, um não vale muito mais que um sim, desde que responsável e educativo. E o melhor de tudo, quem colheu o fruto foi exatamente meu pai José e minha mãe Maria Conceição, numa cidade estranha e desconhecida. É, Deus me provou com exemplo claro que Ele sempre escreve com retidão, mesmo que por linhas curvas. Amém.
Rubens é exemplar em tudo, liderança inconteste! Grande amigo. Relato fidedigno do cronista! Paz e Bem
Amigo Irineu, como sempre seus relatos são perfeitos!
Justiça e coragem para exerce-la, mesmo que pareça em algumas situações não ser preciso a regidez, ela ensina e deixa marcas de retidão quando feito com ternura. Não será esquecida!
Grande abraço
Quando se tem dignidade, a justiça se faz em qualquer ação nas quais nos envolvemos.
Irineu parabéns nunca lhe falta inspiração no escrever . Abraço
Que bonitas suas palavras,Irineu.Obrigada pelo lindo relato.
Irineu vc relatou de uma maneira linda,o ocorrido. Parabéns e obrigada pela atençāo.
Belo relato Sr Irineu, me fez relembrar os tempos de exército onde a hierarquia e disciplina são regras e as punições nos fazem refletir veemente.
Quem tira aprendizado reverte com moral e justiça a sociedade.
Parabéns amigo 👏
História veridica, coisas que acontecem na rotina de vida de pessoas, mas você escreveu de um modo muito gostoso de ler! Alem disso, nos chama a atenção para tratar as pessoas sempre com caridade, mesmo nas reprimendas!
Esse texto, só me fez lembrar de um amigo, que sempre quer retribuir tudo como o velho ditado: olho por olho, dente por dente….e assim como esse meu amigo são várias pessoas….
Que texto maravilhoso 💖💖😍👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏
Esse texto nos ajuda a lembrar das coisas q fazemos e recebemos. O tempo como sabemos carrega o bem q praticamos com justiça e nos caminhos do mesmo tb somos surpreendidos com gratidão q as vezes esquecemos. Para não perder o hábito Parabéns amigo.
que lindo texto Sr Irineu. passa uma mensagem poderosa. para tratarmos sempre bem as pessoas, pode não voltar para nós mesmos, mas sempre nos trás coisas boas . gratidão