Há poucos dias me peguei revisitando um trecho do Evangelho de Mateus: a genealogia de Cristo (Mt 1,1-17). O texto apresenta toda a árvore genealógica de Jesus até Abraão. Uma leitura que, sem um sentido mais profundo, pode mesmo cansar o leitor.
O saudoso cardeal vietnamita Van Thuan apresentava um sentido que muda o interesse por esse texto, sobretudo quando se verifica todo o tipo de gente e de imprevisto que ocorreram na descendência de Jesus: a começar por Abraão que não escolhe o seu primogênito; depois Isaac que, enganado, abençoa o filho errado; passam ainda personagens como uma prostituta, uma estrangeira, o rei Davi, que gera um filho no adultério, e muito mais.
Veja, o Filho de Deus ao se encarnar, herda uma descendência bastante bagunçada, se assim podemos dizer. Não diferente da nossa, quem sabe. Tudo isto não foi problema para Jesus, mas sim uma oportunidade de mostrar que, em Deus, tudo se faz novo (Ap 21,5).
Se o passaporte para a Eternidade fosse tão somente os nossos méritos, o Céu estaria vazio. Por isso, independente do passado, peçamos a Deus a graça de escrever um novo futuro. Tudo tem jeito! Afinal, não fomos nós quem O escolhemos, mas Ele mesmo nos escolheu (Jo 15,16).