O texto abaixo é o Segundo Capítulo da pesquisa que o autor realizou na conclusão do bacharelado em Teologia, em 2017, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob o tema: Conhecer para Conviver – O desenvolvimento histórico do Islã e as pontes para o diálogo entre católicos e muçulmanos.
A pesquisa pretende averiguar neste segundo capítulo alguns dos possíveis pontos que poderiam justificar a crescente do fundamentalismo na fé islâmica. O intento é ir além do levantamento destes pontos, buscando compreender o porquê de seus surgimentos e como eles provocaram uma nova leitura, por vezes generalizada, do muçulmano contemporâneo.
A entrada do fundamentalismo no mundo muçulmano
“O Senhor teu Deus pouco a pouco irá expulsando essas nações da tua frente. (…) É o Senhor teu Deus quem vai entregá-las a ti: elas ficarão profundamente perturbadas até que sejam exterminadas. Ele vai entregar seus reis em tua mão, e tu apagarás o seu nome de sob o céu: ninguém resistirá em tua presença, até que os tenha exterminado.” Este trecho não vem do Corão, mas da Bíblia, no Antigo Testamento , precisamente no livro do Deuteronômio (7,22-24). Fazer guerra em nome de Deus é uma ideia que não é exclusiva do Corão. Poder, violência e guerra desde sempre foram possibilidades negativas das relações culturais entre os povos. Num ambiente marcado pelo religioso, era possível contar com Deus como aliado e como ajudante.
Houve época em que os motivos levavam a reprimir as guerras, mas houve também época em que os textos sagrados foram usados, justificando a violência, em função dos próprios interesses ou de uma perspectiva fechada e intransigente. Na última década o islã tem estado nos noticiários quase sempre em conexão com algum tipo de violência. Isto pode levar à conclusão errônea de que o islã é uma religião inerentemente violenta. O islã não é mais violento que outras religiões, nem predispõe seus seguidores ao fanatismo e à violência. Portanto, de onde surge o estereotipo fundamentalista do muçulmano atual?
Em primeiro lugar, ninguém nasce fundamentalista. Experiências religiosas e políticas, entre outras, levam determinados crentes a adotar a visão fundamentalista. Dado isso, já se nota indícios da prática fundamentalista em outros momentos da história islâmica, desde os próprios caridjitas no século de fundação. Mas foi no final do século XX que o Islã experimentou sua versão mais radical do fundamentalismo. O seu impacto tem sido tal que a própria palavra ‘fundamentalismo’ entrou na moda e tem hoje uma utilização corrente, até por vezes excessiva, na linguagem vulgar. E, no entanto, ainda há poucos anos não figurava em muitos dos dicionários gerais, nem mesmo nas melhores enciclopédias.
A ideia que está por detrás do termo “fundamentalismo” tem como implicação uma marca distintiva na prática política, social, ideológica, cultural e religiosa que acentua um ponto de vista tido como verdade absoluta. Embora o estudo presente tenha a sua atenção e pesquisa na vertente islâmica, é preciso dizer que o fundamentalismo não é exclusividade do Islã. Pelo contrário, encontrou expressividade igual noutras religiões.
Não é fácil identificar a origem do fundamentalismo, tanto mais que o termo aparece hoje com as mais diversas aplicações. Neste sentido, fundamentalismo se identificará com extremismo, qualquer que seja, sobretudo se assumir uma versão que quem o pretende combater considera aberrante e carecida de sentido.
Alguns estudiosos apontam os Estados Unidos do século XVII como origem do fundamentalismo: uma corrente teológica, no meio protestante, posicionou-se contra às tendências da teologia liberal oriunda da Europa, que eram respostas aos questionamentos iluministas, associando cada vez mais a ciência da religião. De acordo com estes, tais teólogos elaboraram um documento que sintetiza os pontos considerados importantes para uma teologia que pretenda respeitar a verdade bíblica. Entre estes pontos está a divindade de Cristo e a certeza de sua segunda volta. Em suma, a literalidade bíblica.
Com a iminência do fim do mundo, os fundamentalistas se preparam para participar da minoria a ser salva, enquanto o resto do mundo, mergulhado no pecado, permanece perdido, a menos que se converta a tempo. Tal posicionamento protestante se difundiu e se particionou em inúmeras seitas, oscilando entre o isolamento e um proselitismo agressivo.
O que se verifica, na maior parte dos casos considerados extremos, é que os fundamentalistas surgiram com o objetivo de defender um retorno aos fundamentos da religião, como meio para a progressiva mudança social dos membros mais pobres e para o incremento da participação política por parte das massas. Este último é uma característica mais aceita entre os estudiosos do tema como sendo o combustível primeiro para o surgimento do extremismo.
Tal forma de extremismo caracteriza-se pela promessa utópica de regresso a um passado idealizado e mitificado, cuja grandeza deveria ser retomada através do respeito por uma natureza perdida. No mundo muçulmano isso se aplica na interpretação literal do Corão e num modo de vida tradicional como solução para os problemas modernos. Mas acabou por tornar-se uma distorção do sentido religioso com o intuito de legitimar suas práticas. É fato importante a se destacar que no Islã não há distinção entre as esferas secular e religiosa.
Determinar as causas do fundamentalismo islâmico parece ser uma tarefa difícil. Contudo, talvez se possa apresentar como uma das principais causas do seu surgimento o fato de os protótipos de sistemas políticos que o Ocidente tentou implementar no mundo muçulmano terem fracassado. Aliado a isto estão as tentativas dos próprios países muçulmanos com seus sistemas governamentais, mas que também fracassaram por falta de alicerces sólidos. Assim, alguns movimentos pareceram ter encontrado a solução para os seus problemas na fé. E é a defesa – por vezes violenta – desta fé que nos permite falar de fundamentalismo islâmico.
Para o Padre Samir Khalil, professor de estudos islâmicos da universidade de Beirute, Líbano, o problema do islamismo radical, ou fundamentalista, apresenta aspectos históricos. Ele relata que desde o fim do Império Otomano, oficialmente extinto em 1924, o mundo árabe fragmentou-se em movimentos nacionais (países) que lutavam contra o controle ocidental na região.
Sem mais a Turquia como a referência para mundo islâmico, como era durante o império, surge a Irmandade Muçulmana , no final da década de 20, por Hassan al-Banna e estudantes, no Cairo, Egito. Al-Banna era professor e reivindicou um retorno (fundamentalista) às origens, aos princípios corânicos. Os objetivos e motivações eram: a rejeição ao colonialismo e aos valores ocidentais, retorno à pureza do Islã, sacrifício extremo pela causa, assistencialismo islâmico, tomada do poder político por meios revolucionários, refundação do califado unificado no mundo muçulmano sob a autoridade exclusiva do Corão e abolição de todas as instituições implantadas no mundo islâmico pelo Ocidente, com a consequente extinção dos estados árabes tais como existem hoje e a eliminação de Israel. Essa é hoje a considerada raiz fundamentalista islâmica aos olhos do padre Khalil.
“O fundamentalismo islâmico é uma reação contra o compromisso estabelecido com a sociedade secular moderna, bem como uma expressão do desejo de manter ou redescobrir os valores essenciais da fé. Desde o primeiro cisma, aquando da sucessão de Maomé, até à submissão do Dar al-Islam (mundo islâmico) ao Ocidente materialista no século XX, os muçulmanos têm sido sujeitos à divisão, ao descrédito, ao imperialismo, ao colonialismo, à tirania, à corrupção e, mais recentemente, à reocupação, tanto econômica como militar. O fundamentalismo islâmico parece querer afastar esta história desfigurada e restabelecer a submissão à palavra de Deus, seguindo os princípios mais puros ocultos no Alcorão.”
GRIEV, Paul.
A luta, aparentemente transformadora, que o fundamentalismo assume em certos casos não exclui aspectos inaceitáveis, como, por exemplo, as regras do direito criminal ou o modo como é encarada, em muitos casos, a situação da mulher. O fundamentalismo, quando se transforma em corrente religiosa dominante, afirma sua veracidade absoluta e exclui a legitimidade de qualquer outra confissão religiosa; e como a verdade única religiosa é também política, a contestação política é também excluída. Afinal, a separação entre o campo laico e o campo religioso é fruto do pensamento de homens como Maquiavel, Hobbes, Locke ou Rousseau; é desconhecida para correntes de pensamento europeias medievais, tal como é excluída hoje para o fundamentalismo islâmico.
Sob a forma de tópicos e com mais detalhes, segue abaixo outras causas na origem do fundamentalismo islâmico de acordo com alguns estudiosos do tema:
- Uma crise de identidade do mundo árabe;
- Uma reação do laicismo ao reformismo e à secularização (casos típicos do Irã, Turquia e Argélia). Com efeito, o movimento de secularização do mundo muçulmano evidenciou-se na década de 20, no século passado. A Turquia independente de Mustafa Kemal (Atatürk) cortou o cordão umbilical do mundo muçulmano, ao suprimir, em 1924, o califado. Com a laicização do país, Atatürk tentou combater a influência cultural e religiosa do Islã sobre a população, dando início a um programa forçado de ocidentalização. Por outro lado, durante a dinastia Pahlavi (1925-1979), também o Irã conheceu algumas tentativas de modernização, as quais acabariam frustradas com o triunfo da Revolução Islâmica, em 1979.
- Uma reação etnocêntrica e xenofóbica (entendendo-se a xenofobia do ponto de vista cultural), ou seja, uma reação contra qualquer modelo estrangeiro apresentado.
- A divisão do Império Otomano em diferentes Estados independentes fez surgir neles o nacionalismo e as ideologias transnacionais, tais como o pan-arabismo que, com Nasser[1], conseguiu atrair inúmeros partidários em diversos países. Com efeito, o pan-arabismo projetou-se internacionalmente, fazendo parte de um movimento maior – o dos países não alinhados, organizado na Conferência de Bandung, que procuravam uma “via alternativa” entre os sistemas capitalistas e comunistas. O objetivo era a procura de uma identidade árabe, perseguindo um objetivo maior que seria o Estado Árabe único, o qual integraria povos detentores da mesma tradição, cultura e língua.
- O sentimento de humilhação pela subordinação militar, econômica e social do mundo árabe em relação às grandes potências. Os muçulmanos consideram-se vítimas das circunstâncias históricas e de forças conspirativas justificadas pelo ódio confessional. Este processo de “vitimização” se iniciou com as Cruzadas, passou pela Reconquista, pelo Sistema de Mandatos, depois, pelo Sistema de Colônias e acabou por se agravar nos nossos dias.
- Uma repulsa simultânea pelo colonialismo, neocolonialismo e pelo socialismo marxista.
- Uma crise econômica e social provocada pelo êxodo rural e pela urbanização explosiva. De fato, a fuga dos meios rurais e a urbanização desenfreada trouxeram a realidade da pobreza urbana e conduziram à ruptura das infraestruturas e dos serviços urbanos. Os habitantes das zonas rurais que chegam às cidades mantêm as suas tradições culturais e religiosas, mas sofrem de um certo sentimento de alienação quanto à sociedade que os rodeia. Assim, o Islã parece ser a única referência válida num ambiente que se afigurou hostil. Deste modo, apresentam-se como uma importante fonte de apoio os movimentos fundamentalistas.
Em suma, pode se afirmar que o fundamentalismo islâmico surgiu como reação à ameaça das culturas exteriores de mudança e foi ganhando terreno devido a uma crise de representação política no mundo muçulmano contemporâneo.
Irmandade Muçulmana
Considerada a precursora das organizações fundamentalistas islâmicas, a Irmandade Muçulmana (al-Ikhwan al-Muslimun) nasceu no Egito, em 1928, por Hassan al-Banna, e é considerada uma das organizações mais populares e agressivas de fundamentalismo islâmico. A sua influência ultrapassou as fronteiras do Egito e tornou-se num importante instrumento de expressão do pensamento político sunita no Oriente Médio e no norte da África. Ela tornou-se o canal para a expressão da raiva, frustração e desilusão relativamente à secularização e à ocidentalização de muitos milhões de muçulmanos. Os seus seguidores consideram que a resposta a todos os desafios do mundo moderno está na aplicação dos ensinamentos do texto sagrado, Corão. A repressão de que foi alvo por parte do então presidente Nasser conduziu a Irmandade a radicalizar sua ação.
O Egito no qual nasceu Hassan al-Banna, em 1906, era colônia britânica. A cultura e sociedade egípcia eram vistas num plano inferior. Estrangeiros podiam ocupar e manipular o governo, mais ainda, podiam ditar o estilo de vida do país e seus costumes. Uma situação delicada que, cedo ou tarde, desencadearia numa espécie de resistência. Paralelamente, Hassan al-Banna era educado em instituições islâmicas. Aos 16 anos o jovem frequentou o Dar al-Ulum uma escola para formação de professores do Islã, no Cairo. A partir dai se tornou um especialista em teologia islâmica, direito islâmico e literatura árabe. Al-Banna cresceu numa altura em que a comunidade internacional atravessava uma época bastante turbulenta. Em 1922, no seguimento da I Guerra Mundial – durante a qual a Grã-Bretanha declarou que o Egito seria seu protetorado – os egípcios se revoltaram e conseguiram uma espécie de semi-independência. Mas logo em seguida, em 1924, a Turquia, liderada por Mustafa Kemal, aboliu o Califado, fazendo o mundo muçulmano mergulhar numa crise profunda, cujas consequências perduram até os nossos dias.
Em 1928, com 21 anos de idade, Hassan al-Banna funda a Irmandade Muçulmana com mais seis pessoas – muito embora tenha crescido rapidamente – e procurou demonstrar que a pobreza e a falta de poder da sociedade egípcia deviam-se ao fato do país ter fracassado na escolha de um futuro ideal: em vez de seguir o Islã mais puro, declarou valores da cultura ocidental . Com esse discurso, al-Banna pretendeu convencer a sociedade egípcia que era possível instaurar uma ordem muçulmana. Defendia, portanto, uma reintrodução da Shariah[2], afirmando ainda que o Corão seria a constituição do povo.
Com o apoio financeiro dos “formadores de opinião”[3], a Irmandade Muçulmana iniciou sua ação atuando como um partido político, objetivando a derrubada do poder do Rei Farouk. Apesar da perseguição de que foram vítimas, os “irmãos” convenceram al-Banna a considerar, como último recurso, a luta revolucionaria violenta, com o propósito de transformar o Egito num Estado verdadeiramente islâmico. Em pouco mais de 20 anos a Irmandade se tornou um importante e bem organizado movimento político armado, cujas ações se fizeram sentir no Egito e fora dele.
Na II Guerra Mundial, a Irmandade Muçulmana era uma das organizações mais ativas no Egito. Sua composição era bastante heterogênea e transversal, ou seja, incluía pessoas de diferentes classes sociais e de diversas classes trabalhadoras. Contudo, devido ao poder que conseguiu alcançar na sociedade egípcia, a organização acabou por ver suas ações limitadas ao ser conferida à clandestinidade, primeiro pelo rei Farouk, depois por Nasser. Hassan al-Banna foi assassinado por forças governamentais em 1948, uma retaliação à morte do primeiro-ministro Muhamad Nuqrashi, assassinado pela Irmandade.
A Irmandade Muçulmana deixou precedentes para os futuros fundamentalistas islâmicos. Contudo, há uma diferença que marca a história da organização para alguns de seus sucessores. A Irmandade Muçulmana nunca procurou explicitamente ascender ao poder. Al-Banna previu que isso poderia acontecer, mas antes ele queria que a população egípcia fosse preparada antecipadamente. Desse modo ele se empenhou por moldar a futura ordem islâmica em função do comportamento da sociedade.
Apesar de reprimida enquanto força política no Egito, a Irmandade Muçulmana acabou se espalhando por vários outros países na região do Oriente Médio onde se encontra até hoje em atividade. A Irmandade é expressivamente representada na cena política, os seus membros ocupam cargos do governo em países como: Egito, Jordânia, Iêmen, Kuwait, Marrocos, Sudão, Argélia, Iraque e Bahrein. O principal objetivo do movimento, também nos outros países, continua a ser o originário: o estabelecimento de verdadeiros estados islâmicos para que, no futuro, todos sejam conglomerados em um único.
Perseguição religiosa
Quando o fundamentalismo adentra a esfera religiosa – ou mesmo político-social – o grupo receptor passa a considerar a sua verdade como a única verdade. Nos casos mais extremos, aquele que pensa diferente acaba por ser perseguido, intimado à mudança.
Toda ação violenta de alguns homens sobre outros, ação por meio da qual um grupo tenta impor aos outros os seus ideais, seu poder ou forma de existência, com o fim de destruir a sua identidade e assimilá-la, é perseguição. Em sentido mais estrito, perseguição é o comportamento daqueles que de tal forma querem impor-se aos outros que terminam convertendo-os em seus escravos ou simplesmente os destroem.
A perseguição é um fenômeno muito frequente em nossa história. Os homens desenvolveram ideais de fraternidade e compreensão, mas na prática se deixaram levar pela imposição do mais forte, vindo a cair na dialética do senhor e do escravo. Chegou-se a tal extremo que muitos supuseram que a humanidade se encontra necessariamente dividida em classes, com o consequente triunfo de alguns e a submissão dos restantes.
Seguindo um esquema, valioso por sua simplicidade, pode-se assegurar que a luta e perseguição intra-humanas se realizam fundamentalmente em três níveis:
- no plano econômico, com a acumulação dos bens em mãos de poucos e a servidão ou escravidão de muitos;
- no plano político, com a apropriação do poder por uma classe ou grupo social e a consequente submissão dos restantes;
- finalmente, na perseguição ideológica pela qual se absolutiza um tipo de verdade, normalmente colocada a serviço do poder dominante, e perseguem-se ou cortam-se todos os demais caminhos de expressão e de busca do homem. A perseguição religiosa move-se primordialmente nesse terceiro plano, embora possa ter e tenha repercussão nos dois anteriores.
A perseguição religiosa é facilmente perceptível na Bíblia. No Antigo Testamento, a experiência religiosa se estrutura dentro de um âmbito de totalidade que inclui os diversos aspectos da vida humana: unidade social, independência nacional, posse da terra, desenvolvimento da cultura. A perseguição aqui vai estar consequentemente inserida na luta social entre os povos. Israel vai ser confrontado por aqueles que pretendem impor suas particularidades, e vai responder ativamente a esses ataques. Num primeiro momento, tal perseguição terá um caráter externo, fundada em motivos sociais e políticos. Mais tarde, através de um processo de maturação e crise interna, o povo chegará a uma compreensão mais estritamente religiosa.
No Novo Testamento a perseguição se desenvolve desde o princípio no campo da religiosidade. Claramente ela assumirá dimensões e motivos outros, mas está intrinsecamente baseada na rejeição do judaísmo oficial em vista da possível acolhida do Evangelho de Jesus Cristo. É necessário assinalar o fato de que o cristianismo neotestamentário sofre perseguição, mas não persegue. Somente mais tarde, quando a Igreja se estabilizar como entidade social e se converter em garantia de ordem pública, poderá surgir aquilo que não se deu no princípio: os cristãos, por sua vez, perseguirão os judeus ou imporão sua evidência aos grupos hereges que forem nascendo dentro da Igreja. Depois, a perseguição será mesmo contra os muçulmanos.
Na contemporaneidade, a sociedade internacional se vê ameaçada pela perseguição perpetrada, sobretudo, pelos grupos fundamentalistas islâmicos. Muito provavelmente por conta do método cruel e meticuloso que tais grupos realizam os seus feitos devastadores, com ampla cobertura da mídia. Mas eles não estão sós. Na atualização de 2015 do seu relatório bienal sobre a Liberdade Religiosa no mundo, a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (Aid to the Church in Need) destaca que o extremismo transcende uma única orientação religiosa. A Fundação observou que, na Índia, no período de outubro de 2013 a junho de 2015, movimentos radicais hindus realizaram cada vez mais ataques. A violência propagou-se especialmente onde a presença cristã é mais frágil, incluindo as zonas onde a Igreja é importante ao povo local.
Também o Budismo, embora habitualmente visto como uma religião de paz, traz um vertente mais militante que se aliou aos nacionalistas, que a consideram como a religião nacional legítima na Birmânia (Mianmar) e no Sri Lanka. Extremistas budistas no Sri Lanka destruíram ou forçaram o encerramento de inúmeras igrejas – em 2014 foram cerca de sessenta igrejas e capelas atacadas, o que ainda assim representou uma redução em relação às 105 do ano anterior. Os ataques de 2014 incluíram um caso em que onze monges budistas lideraram aproximadamente 250 pessoas contra a Igreja da Sagrada Família em Asgiriya, no distrito de Kandy, arrastando o pastor e a sua mulher para fora de casa e atacando-os.
Tanto no Sri Lanka como na Birmânia, muçulmanos e cristãos foram acusados de desviar a norma nacional sócio-religiosa. Em Israel, o único país do Oriente Médio com uma população cristã em expansão, os ataques a locais da Igreja aumentaram. Quando militantes extremistas judeus foram acusados de incendiarem a Igreja da Multiplicação dos Pães na Galileia em junho de 2015, os líderes religiosos disseram que o ato fazia parte de um plano de ataques tanto na Galileia como noutros locais.
De acordo com o mesmo relatório da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, a perseguição religiosa não acontece exclusivamente contra os cristãos ou outra confissão religiosa, mas concluiu-se que os cristãos são de longe o grupo religioso mais perseguido. No Verão de 2012, a International Society for Human Rights, sediada em Frankfurt, na Alemanha, calculou que 80% de todos os atos de discriminação religiosa foram realizados contra os cristãos. Em termos de perseguições, a Comissão das Conferências Episcopais da Comunidade Europeia (COMECE) relatou que 75% das ocorrências foram contra os cristãos. Embora as estatísticas de que até 150 mil cristãos – mais de 400 por dia – são mortos por causa da sua fé todos os anos estivessem rodeados de controvérsia, havia um consenso crescente de que a opressão contra os cristãos se tinha tornado cada vez mais grave. Em abril de 2014, o então primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que o Cristianismo “é agora a religião mais perseguida em todo o mundo”, fazendo eco das declarações da chanceler alemã Angela Merkel em Novembro de 2012.
Como já explicitado, são muitos os grupos fundamentalistas radicais ligados a diferentes religiões que impõem atos de perseguição. Mas são os de matriz islâmica que atualmente difundem maior violência, discriminação e mesmo o terror no mundo, principalmente no Oriente Médio e Norte da África. No relatório de 2016 da Liberdade Religiosa no Mundo, a Ajuda à Igreja que Sofre traz no resumo das conclusões algumas sérias constatações. Entre elas a de que a liberdade religiosa diminuiu em onze dos vinte e três países no mundo com as piores violações. Nos outros sete países desta categoria, os problemas já eram tão grandes que dificilmente poderiam ficar piores. O relatório demonstra que é errada a visão popular de que os governos são os principais culpados da perseguição religiosa. Os atores não estatais (ou seja, organizações fundamentalistas ou militantes) são responsáveis pela perseguição religiosa em doze dos vinte e três países com as piores violações.
O período em análise desse relatório viu também surgir um novo fenômeno de violência com motivação religiosa, que pode ser descrita como hiperextremismo islâmico, um processo de radicalização intensificada, sem precedentes na sua expressão violenta. Em contrapartida o relatório identifica grupos islâmicos tradicionais que estão agora começando a lutar contra o fenômeno do hiperextremismo por meio de posições públicas e outras iniciativas, através das quais condenam a violência e os que estão por trás dela.
Terrorismo
Longe de ser uma regra, mas já experimentado na história, o fundamentalismo leva à perseguição que, por sua vez, traz consigo o terrorismo como forma de apropriação do poder e da verdade. O primeiro problema ao falar de terrorismo é a definição da própria palavra. Se para alguns não é a intenção, mas sim o ato que caracteriza o terrorismo, para outros é a intenção e não apenas o ato que o caracteriza.
O terrorismo, na acepção mais ampla do termo, é fundamental e inerentemente político. É também inevitavelmente sobre o poder: a busca do poder, a aquisição de poder e o uso do poder para alcançar a mudança política. O terrorismo é, portanto, a violência – ou, igualmente importante, a ameaça da violência – que é utilizada e dirigida na perseguição de um objetivo político.
HOFFMAN, Bruce.
A finalidade do terrorismo é imobilizar o seu alvo para produzir certa desorientação ou algum tipo de conformidade. Essa intimidação de grupos ou populações mediante o terror é algo comum, ético e legal quando se dá pelo Estado, mas é execrável quando parte de pessoas ou organizações que viram esgotar todas as possibilidades de negociação, de libertação ou de sobrevivência. Assim, o Estado pode ser o agente de grande terror ou o agente financiador do terrorismo, mas é contra quando o terror não tem como ponto de partida o próprio Estado. Em síntese, o terror que não tem origem no Estado fragiliza e até atua como força subversiva contra o governo desse Estado. Uma realidade contrastante e que leva a uma grande reflexão sobre o assunto.
Inserido no leque de possibilidade, há também grupos que utilizam – e utilizaram na história – de atos terroristas para firmarem convicções religiosas. Hoje em dia, de forma errada, fundamentalismo e terrorismo são confundidos. Sobretudo desde os atentados de 11 de setembro de 2001, que o fundamentalismo islâmico é associado ao terrorismo de matriz islâmica. Todavia são fenômenos diferentes, embora na sociedade atual sejam rapidamente associados, já que o 11 de setembro criou mais suspeitas relativamente à comunidade muçulmana do que qualquer outro acontecimento histórico o havia feito.
Efetivamente existem grupos muçulmanos que seguem para além do perigo do fundamentalismo, adentrando no âmbito do terror para atingirem seus objetivos. Dentre tantos, alguns precisam de menção pela porção de sangue que derramaram em vista de suas próprias empreitadas:
- Al-Qaeda nasce no Afeganistão, autor dos atentados nos EUA, no onze de setembro de 2001;
- O Talibã tem maior influência no Paquistão e Afeganistão, mas suas ações violentas vão além-fronteiras;
- Estado Islâmico (ISIS ou DAESH) atua principalmente no Iraque e Síria e tem protagonizado as maiores barbáries contra minorias religiosas;
- Boko Haran é um grupo nigeriano que declarou lealdade ao Estado Islâmico e considerado, por muitos, mais violento e assassínio.
Esses grupos, verdadeiras organizações terroristas, passaram a ter capacidade para executar ataques em vários países e a receber apoio direto e indireto de vários Estados. As suas estruturas de comando e controle e os seus campos de treinamento passaram a funcionar em vários países. Por outro lado, graças ao desenvolvimento moderno das comunicações, o terrorismo se internacionalizou, reproduzindo seus efeitos maléficos midiaticamente e criando uma relação de ‘custo-benefício’, relativo às execuções, para os novos adeptos.
Esse fenômeno islâmico tem estado cotidianamente nos noticiários do mundo por conta da sua conexão com a violência e, por vezes, pelos atos de extrema barbárie. A ampla cobertura jornalística sobre estes casos – com boa dose de sensacionalismo –, contribuiu à uma conclusão equivocada de que islamismo e violência são inerentes um ao outro. Existe sim a violência, mas que, por vezes, se apresenta de forma distorcida.
Quando líderes muçulmanos, representando as opiniões de suas comunidades, assinam uma declaração em prol da coexistência pacífica e estimulam um melhor conhecimento mútuo com outras expressões religiosas para, juntos, trilharem um mesmo caminho de convivência, tal notícia não passa de uma pequena nota de rodapé em algum periódico ou é simplesmente ignorada. Porém, quando o tema do ‘11 de setembro’ é resgatado pelo imã de uma mesquita extremista em Londres, numa declaração incendiária, ela é amplificada como se representasse a opinião de todos os muçulmanos. É sabido que boas notícias não vendem jornais.
As fontes corânicas são ambíguas, contento tanto exortações à paz quanto à guerra – a mesma ambiguidade marca, contudo, a Bíblia. Não seria difícil produzir uma antologia de dizeres bíblicos condenando à morte uma variedade de transgressores dos preceitos divinos, rituais, éticos e sociais, havendo inclusive incitação ao genocídio:
Assim diz Iahweh dos Exércitos: Resolvi punir Amalec pelo que fez a Israel cortando-lhe o caminho quando subia do Egito. Vai, pois, agora, e investe contra Amalec, condena-o ao anátema com tudo o que lhe pertence, não tenhas piedade dele, mata homens e mulheres, crianças e recém-nascidos, bois e ovelhas, camelos e jumentos.
1Sam 15,2-3
Já no Novo Testamento a dinâmica da violência parece inverter a relação remetente-destinatário: Jesus foi vítima da violência, seus apóstolos foram vitimas da violência e o cristianismo sobreviveu por três séculos como uma “seita” subterrânea. Mesmo que a vida e mensagem de Jesus tenha sido pacífica, a história do cristianismo foi indubitavelmente mais violenta do que a do islã. A Jihad[4] corresponde à Cruzada; mas não há paralelo muçulmano das crueldades que acompanharam – geralmente com a bênção da Igreja Católica – a conquista e exploração das Américas.
O hinduísmo, geralmente associado ao pacifismo graças a Gandhi, possui em seus textos sagrados o Bhagavad Gita, uma discussão aprofundada do dever de casta do guerreiro de matar. Na China, filósofos da escola “legista” discorrem sobre as virtudes da crueldade como forma de impor a obediência ao imperador, dois mil anos antes de Maquiavel. O budismo, no Japão, integrou o culto samurai à violência. Se voltarmos a atenção para o Ocidente contemporâneo, a simples menção dos termos “nazismo” e “stalinismo” bastará para nos certificarmos de que a violência no mundo muçulmano de hoje, provocada por radicais e fundamentalistas, por mais lamentável que seja, está longe de ser excepcional.
Levando em consideração o pressuposto apresentado, cujo aspecto da violência não se fez acontecer excepcionalmente no mundo islâmico, reforça a constatação de que o desvio da mensagem religiosa para uma ideologia de caráter extremista pode transformar vida em morte.
O islã fundamentalista, fechado em si mesmo, acaba por ser vítima de suas próprias conspirações, ampliando seu desejo de vingança à um mundo que insiste em virar a página, enquanto que para esses muçulmanos o passado não pode ser deixado para trás sem um tribunal. Por conseguinte, todo o resto do mundo é questionado a dar uma resposta que atenda aos anseios de paz.
Se o fundamentalismo islâmico se explica pela coincidência de determinados fatores quase inevitáveis, seu desdobramento e o desfecho eventual de sua luta contra o Ocidente estão ainda em aberto. Outros elementos intervêm em tal luta: forças e projetos alternativos operando dentro do mundo muçulmano, e reações e pró-ações no mundo ocidental.
As escolhas a serem feitas nestes tempos de encontro com o islamismo influenciarão o curso da humanidade nas décadas futuras. A Igreja Católica, um dos maiores símbolos ocidentais na visão islâmica, dá o primeiro passo, reafirmando sua posição de unidade na diversidade e, com o Papa Francisco, se abre ao diálogo como primeiro e indispensável caminho para a tão sonhada paz:
“Paz, um fio de esperança que liga a terra ao céu, uma palavra tão simples e ao mesmo tempo tão difícil. Paz quer dizer perdão que, fruto da conversão e da oração, nasce de dentro e, em nome de Deus, torna possível curar as feridas do passado. Paz significa acolhimento, disponibilidade para o diálogo, superação dos fechamentos, que não são estratégias de segurança, mas pontes sobre o vazio. Paz quer dizer colaboração, intercâmbio vivo e concreto com o outro, que constitui um dom e não um problema, um irmão com quem tenta construir um mundo melhor. Paz significa educação: uma chamada a aprender todos os dias a arte difícil da comunhão, a adquirir a cultura do encontro, purificando a consciência de qualquer tentação de violência e rigidez, contrárias ao nome de Deus e à dignidade do ser humano.”
DEMANT, Peter.
Notas [1] Gamal ‘Abd al-Nasser foi um militar e político egípcio, presidente de seu país de 1954 até sua morte em 1970. [2] A lei islâmica (Shariah), baseada no Corão e na Sunna, é o exemplo sagrado para a vida islâmica. O que os muçulmanos agora conhecem como Shariah é na verdade o esforço cumulativo para compreender a vontade divina através de hábitos e métodos na vida social. [3] Os ulama, sheikhs das ordens sufis, líderes dos clãs, líderes de clubes sociais e religiosos, professores e funcionários do governo. [4] Luta armada contra os infiéis e inimigos do Islã
Veja também:
Bibliografia (de toda a pesquisa)
Livros:
Al Corão. Tradução por Samir el Hayek. Tughara Books: Clifon, 2015.
Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2012
ARANTES, José Tadeu. O maior perigo do Islã: não conhecê-lo. São Paulo, Editora Terceiro Nome, 2005.
BASSET, Jean-Claude. Le dialogue interreligieux. Histoire et avenir. Paris: Cerf, 1996.
BONOME, José Roberto. Fundamentalismo religioso e terrorismo político. Goiânia: Editora da UCG, 2009.
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Uma resposta em “A deturpação do sentido religioso islâmico”
Aqui é a Fernanda Lima , gostei muito do seu artigo tem
muito conteúdo de valor parabéns nota 10 gostei muito.